Pequenos traumas cotidianos: como eles afetam nosso bem-estar
- Gabi Carvalho
- há alguns segundos
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Quando falamos de trauma, geralmente pensamos em acontecimentos impactantes: acidentes graves, violência, grandes perdas. Mas o que muitas vezes passa despercebido são os pequenos traumas cotidianos que fazem parte da nossa rotina – aqueles que parecem banais à primeira vista, mas que, ao longo do tempo, minam nosso bem-estar emocional e até físico.
Esses pequenos traumas, também chamados de “microtraumas” ou “traumas cotidianos”, são experiências de dor emocional que podem parecer passageiras, mas deixam rastros profundos. São as críticas constantes, as discussões em casa, a sensação de não ser ouvido no trabalho, o peso de responsabilidades que não cabem nos nossos ombros. Situações que, isoladas, podem parecer insignificantes, mas que, repetidas dia após dia, afetam profundamente nossa forma de ver a vida e de nos relacionar com o mundo.
Imagine, por exemplo, um funcionário que todos os dias é interrompido nas reuniões ou que sente que suas ideias nunca são levadas a sério. Ou alguém que cresce ouvindo frases como “você é muito sensível” ou “não é tão grave assim, para de drama”. Essas experiências podem parecer triviais, mas reforçam a mensagem de que o que a pessoa sente não tem importância – e, com o tempo, vão corroendo a autoestima e o senso de valor próprio.
Um ponto importante é que esses traumas cotidianos não precisam ter a mesma intensidade de um grande trauma para impactar a saúde mental e física. Nosso corpo e nossa mente não diferenciam o “tamanho” da dor emocional; o que importa é a frequência e a sensação de impotência que a acompanha. Quando vivemos situações assim repetidamente, nosso sistema nervoso começa a operar em um estado constante de alerta, como se sempre estivéssemos “preparados para o pior”.
Essa ativação constante gera tensão muscular, dificuldade para relaxar e problemas de sono. A longo prazo, pode desencadear sintomas como ansiedade, depressão, dores físicas inexplicáveis e até doenças autoimunes. É como se o corpo inteiro carregasse a memória dessas pequenas feridas, e cada uma delas fosse mais um tijolo no muro que nos separa do nosso bem-estar.
Mas como lidar com esses pequenos traumas? O primeiro passo é reconhecê-los. Muitas vezes, estamos tão acostumados a viver nesse “modo de sobrevivência” que nem percebemos mais o quanto essas situações nos afetam. É importante dar nome ao que estamos sentindo e entender que aquilo que parece pequeno ainda tem valor – e precisa ser cuidado.
A partir daí, buscar formas de expressar o que sentimos faz toda a diferença. Pode ser conversando com alguém de confiança, escrevendo sobre as situações que nos machucam ou, se possível, buscando apoio profissional. A terapia, por exemplo, oferece um espaço seguro para olhar para essas pequenas dores e entender como elas moldam nossa forma de viver.
No meu trabalho, por exemplo, utilizo recursos da Análise Bioenergética, uma abordagem que integra corpo e mente. Por meio de exercícios específicos de respiração, movimento e expressão, ajudamos a liberar tensões musculares e emoções bloqueadas, criando mais espaço interno para o relaxamento e a vitalidade. Esses exercícios não só aliviam o estresse físico, mas também ajudam a tomar consciência das histórias emocionais que carregamos, tornando possível um processo de cura mais profundo.
Além disso, práticas que ajudam a reconectar corpo e mente – como a meditação e outras formas de movimento consciente – também são excelentes aliados. Elas ajudam a liberar a tensão acumulada no corpo e a trazer mais clareza para as emoções que ficam guardadas, muitas vezes sem que percebamos.
Por fim, é essencial cultivar a autocompaixão. Em vez de nos culparmos por sentir “demais” ou por não conseguirmos dar conta de tudo, precisamos nos tratar com a mesma gentileza que ofereceríamos a um amigo querido. Reconhecer nossos limites, validar nossas emoções e cuidar de nós mesmos são passos poderosos para recuperar o equilíbrio e a alegria de viver.
Pequenos traumas podem parecer inofensivos, mas, somados, têm um impacto imenso. Olhar para eles com atenção, buscar ajuda e priorizar o cuidado com nosso corpo e mente são formas de retomar o nosso bem-estar e, pouco a pouco, reconstruir a sensação de segurança e confiança que tanto precisamos para viver plenamente.
Se você sente que está carregando o peso desses pequenos traumas e quer explorar caminhos para liberar essas tensões, estou aqui para caminhar com você.
💛Vamos juntas?
Com carinho
Gabi Carvalho
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